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Mata Atlântica perdeu 6.850 hectares em três meses

Novo boletim do Sistema de Alertas de Desmatamento (SAD) Mata Atlântica olhou para o período de agosto a outubro

31 de janeiro de 2023

A Mata Atlântica, embora seja protegida pela Lei nº 11.428, conhecida como Lei da Mata Atlântica, que é lar de 72% dos brasileiros e concentra 80% do PIB nacional, segue como o bioma mais ameaçado do Brasil. Entre os meses de agosto e outubro de 2022 foi registrado o desmatamento de mais 6.850 hectares (ha) – é como se, no período, uma área de floresta equivalente a 75 campos de futebol fosse desmatada todos os dias. 

As informações são do novo boletim do SAD (Sistema de Alertas de Desmatamento) Mata Atlântica, consolidado no MapBiomas Alerta. Lançado em fevereiro de 2022, em uma parceria entre a Fundação SOS Mata Atlântica, a Arcplan e o MapBiomas, o sistema tem como papel monitorar e difundir informações sobre o desmatamento no bioma. Os dados foram obtidos  a partir de 1.117 alertas, abrangendo todo o mapa de aplicação da Lei da Mata Atlântica, do qual fazem parte 17 estados brasileiros.

Só os estados de Minas Gerais e do Piauí somam mais de 43% do total desmatado, respectivamente 1.650 e 1.327 ha. Os três municípios com as maiores áreas derrubadas foram Riacho Frio, no Piauí (652 ha), Cristino Castro, também no Piauí (359 ha), e Lassance, em Minas Gerais (336 ha). Nos três casos, a área equivale a um único grande desmatamento.

Segundo Luís Fernando Guedes Pinto, diretor-executivo da SOS Mata Atlântica, os dados confirmam a alta do desmatamento no bioma, em consonância com outros biomas do Brasil, como  a Amazônia, onde tem se observado os maiores valores dos últimos 10 anos. Os grandes desmatamentos em área contínua estão relacionados à expansão agropecuária em grande escala, também indicando falhas na fiscalização e combate ao desmatamento, o que também marcou 2022 em todo o Brasil.  

Desmatamento acumulado em 2022

Os dez primeiros meses de 2022 somam 48.660 ha desmatados. Entre janeiro e outubro, Bahia e Minas Gerais aparecem como as unidades da federação que mais desmataram a Mata Atlântica, respectivamente 15.814 e 14.389 hectares. O Piauí vem em terceiro lugar, com 6.232.

Nos três estados, a grande maioria das derrubadas foi causada pela agricultura: 73,2% na Bahia, 93,4% em Minas Gerais e 64,5% no Piauí. Essa também é a realidade em todo o bioma, onde 86,4% da área foi derrubada com a mesma motivação.

 

Dados podem ser acessados e filtrados por Estado.

Monitoramento detalhado 

Um diferencial do SAD Mata Atlântica é seu método, capaz de identificar indícios de desmatamento a partir de 0,3 ha, tornando visíveis focos não detectáveis em outros sistemas, como o Atlas da Mata Atlântica, da parceria entre SOS Mata Atlântica e INPE, que monitora áreas acima de 3 ha. “Como estamos pela primeira vez vendo o desmatamento nesse nível de detalhe, não é possível comparar esses resultados a valores anteriores. Estamos criando uma nova linha de base, que será uma referência para um novo padrão de monitoramento com informações essenciais para entender e planejar a conservação e restauração da Mata Atlântica”, explica Guedes Pinto. 

No período, foram registrados um total de 6.378 alertas. Mantendo o padrão de desmatamento observado dos boletins anteriores, os desmatamentos entre 0,3 e  3 ha representam 63% do total de ocorrências identificadas. Entretanto, a maior área desmatada (72%) está concentrada em 846 ocorrências  com mais de 10ha. “Ainda existe espaço para que a fiscalização e a responsabilização tenham um papel fundamental na redução do desmatamento no Bioma”, afirma Marcos Rosa, coordenador técnico do MapBiomas. “O desestímulo aos pequenos desmatamentos virá quando o proprietário perceber que, agora que os dados são rapidamente identificados e divulgados, deixarão de ser vantajosos, pois implicarão na restrição ao crédito rural e na dificuldade em vender a produção para grandes empresas, que atuam cada vez mais em uma cadeia de fornecedores livres de desmatamento”, complementa.

 

Metodologia

O SAD Mata Atlântica utiliza uma classificação automática de indícios de desmatamento baseado na comparação entre imagens de satélite Sentinel 2 (dez metros de resolução). Os focos de potencial desmatamento são enviados para o MapBiomas Alerta e então validados, refinados e auditados individualmente em imagens de alta resolução. Cada desmatamento confirmado é cruzado com informações públicas, incluindo as propriedades do Cadastro Ambiental Rural (CAR), embargos e autorizações de desmatamento do SINAFLOR/IBAMA, para disponibilização em uma plataforma única, aberta e transparente que monitora todo território brasileiro.

O sistema monitora e gera alertas para o bioma Mata Atlântica, conforme o mapa do IBGE 1:250.000 de 2019. Este boletim cobre toda área de Aplicação da Lei da Mata Atlântica e considera os desmatamentos validados pelo MapBiomas Alerta, que utiliza outras fontes, como o DETER CERRADO, publicado pelo INPE, e o SAD Caatinga, produzidopela Geodatin/UEFS. Esses sistemas são essenciais para garantir o monitoramento dos encraves de da Mata Atlântica, protegidos pela Lei da Mata Atlântica, que estão nos biomas Cerrado e Caatinga. São considerados os desmatamentos no mapa de aplicação da Lei da Mata Atlântica refinado pela SOS Mata Atlântica usando o mapa de vegetação do RADAM 1:1.000.000.

As informações vêm sido disponibilizadas mensalmente na plataforma MapBiomas Alerta (http://plataforma.alerta.mapbiomas.org) e os resultados são reunidos em boletins periódicos  publicados pela Fundação SOS Mata Atlântica em www.sosma.org.br/iniciativas/alertas. Os encraves da Mata Atlântica nos outros biomas são monitorados pelo MapBiomas Alerta utilizando fontes adicionais. O trabalho tem apoio da Flex Foundation e do Fundo Canadá para Iniciativas Locais.

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