Presidente da SOS Mata Atlântica, Marcia Hirota escreve sobre a posse do novo governo
5 de janeiro de 2023 - Por Marcia HirotaPor Marcia Hirota, presidente da SOS Mata Atlântica
Muito simbolismo e sinais claros. Nós, ambientalistas, começamos bem 2023, cheios de esperança. A posse do presidente e vice, a composição dos ministérios, o discurso e a faixa presidencial passada de mãos em mãos e entregue ao presidente Lula por representantes da sociedade foram muito marcantes. Forte emoção. É o início da reconstrução do país! E nunca antes a agenda ambiental foi tão evidenciada e prestigiada num primeiro dia de governo. Foram cinco decretos e duas medidas de combate ao desmatamento na Amazônia e demais biomas e ao crime ambiental, de fortalecimento de instituições, Conselho Nacional do Meio Ambiente, Fundo Amazônia e fim do garimpo ilegal na Amazônia, Terras Indígenas e Áreas Protegidas. Surpreendente!
Os dias seguiram com a agenda ambiental e climática destacada em vários discursos, além do da ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva. O tema foi citado nas posses dos Ministérios da Ciência, Tecnologia e Inovação, da Fazenda, da Integração e Desenvolvimento Regional, da Justiça, das Relações Exteriores, da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, da Pesca, da Mulher, dos Direitos Humanos e, claro, dos Povos Indígenas.
A emergência climática exige de governos de todas as esferas, das empresas, da academia, da sociedade civil e outros setores soluções mais rápidas. Há muitos desafios para adaptação, mitigação e enfrentamento das vulnerabilidades.
Transversalidade é a palavra-chave. A transversalidade e integração, que a ministra Marina Silva tanto defende desde o início da década de 2000, somada à valorização e à participação social e a firmeza nos propósitos certamente ajudarão a incrementar políticas públicas e resultados mais arrojados para o país.
Mas foi o discurso do vice-presidente Geraldo Alckmin na posse do Ministério da Indústria, Comércio e Serviços o mais surpreendente. O Palácio do Planalto foi inundado da pauta ambiental e climática, da sociobiodiversidade e bioeconomia, de desenvolvimento aliado à conservação da natureza e valor da sociedade, economia de baixo carbono, segura e sustentável. Foi inesperado tamanha ênfase de manhã e decisivo à tarde – união de propósitos e compromissos para a reconstrução da agenda ambiental. Nesse contexto, a participação efetiva da sociedade é primordial e foi importante Marina Silva ter destacado em seu discurso que, seguindo a orientação do presidente Lula, será restabelecida e fortalecida a participação social como guia orientadora das ações do governo federal, recriando ou redesenhando conselhos e comissões.
Dias melhores para a Mata Atlântica e para a conservação marinha. Dias melhores para a Amazônia, Pantanal e outros biomas também. Desmatamento zero, restauração da floresta, água limpa, a valorização de parques e reservas e avanço do turismo de natureza, o enfrentamento das mudanças climáticas para sadia qualidade de vida para as pessoas, há muitas urgências.
Temos muitos desafios pela frente, mas também muitas oportunidades. E os planos vêm se desenhando para essa transformação necessária para o futuro do país – mais humano, mais sadio e sustentável e o papel de cada um onde quer que esteja, faz toda a diferença. Feliz Ano Novo!