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Ferramenta ajuda a descobrir o que restou de Mata Atlântica na sua cidade

2 de dezembro de 2015

Artigo de Marcia Hirota*, originalmente publicado no Blog do Planeta – Onde está o verde da sua cidade? Por mais urbanizada que ela seja, certamente você deve conhecer pelo menos uma floresta ou parque existente nela. Agora, você sabe dizer a que bioma pertence essa vegetação – se é Mata Atlântica, por exemplo – ou se aquele parque próximo a sua casa é uma área protegida e que deve ser conservada pela importância dos serviços ambientais prestados por ela?

Há muitos anos, a Fundação SOS Mata Atlântica, em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), patrocínio do Bradesco Cartões e execução técnica da empresa de geotecnologia Arcplan, desenvolve o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, levantamento que disponibiliza, anualmente, dados sobre a vegetação nativa e as áreas naturais das 3.429 cidades abrangidas pela Lei da Mata Atlântica.

Para aproximar esse conhecimento do cidadão comum, a Fundação acaba de lançar o site “Aqui Tem Mata”, que oferece uma busca personalizada por meio de mapas interativos e gráficos sobre o estado de conservação de florestas, mangues, restingas e outros ambientes do bioma. A ferramenta foi desenvolvida pela agência Zóio e Infoamazônia.

Nossa ideia é que os dados estejam acessíveis a qualquer usuário e possam ser reutilizados com finalidades de educação ambiental, mobilização e subsídios para as políticas de conservação do nosso Patrimônio Nacional.

Para fazer a busca, basta inserir o nome de um município ou CEP e descobrir o total da vegetação nativa, dividida pelas categorias mata, área natural não florestal, mangue e restinga; o total da população do munícipio; a proporção de área de Mata Atlântica; as bacias hidrográficas presentes na cidade; a taxa de desmatamento de 2000 a 2013; o ranking municipal de desmatamento; se existe alguma área preservada de Mata Atlântica no bairro e mais próximas.

O site também mostra onde estão as áreas protegidas de cada cidade, incluindo parques e reservas em níveis federais, estaduais e municipais, além das Reservas Particulares de Patrimônio Natural (RPPNs), desde que tenham ao menos 3 hectares de área contínua bem preservada. A ferramenta está disponível para web, tablets e celulares e também pode ser útil para jornalistas, professores e estudantes.

A maior parte da população brasileira vive nos municípios da Mata Atlântica, o que inclui algumas das maiores cidades do país, entre elas São Paulo, Rio de Janeiro, Curitiba, Salvador e Recife. Somos 145 milhões de pessoas que dependem diariamente dos benefícios oferecidos por essa floresta, como a regulação do clima, a qualidade do ar, a proteção das nascentes e a disponibilidade de água para o abastecimento público.  Infelizmente, quase 90% da Mata Atlântica já foi devastada e o bioma continua a sofrer, ainda hoje, com a pressão do desmatamento, como mostram os dados do último Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, divulgados em novembro deste ano e agora disponíveis no site “Aqui Tem Mata”.

Segundo o Atlas, quatro dos 10 municípios que mais desmataram a Mata Atlântica no Brasil no período 2013-2014 ficam em Minas Gerais – Estado que liderou o ranking do desmatamento por 5 anos consecutivos e que agora passa a primeira posição para o Piauí. No mesmo período, por outro lado, o Piauí abriga os dois municípios com maior conversação de Mata Atlântica no país, Tamboril do Piauí e Guaribas, ambos com 96% de vegetação natural.

Já nas capitais da Mata Atlântica não foram identificados desmatamentos entre 2013 e 2014. Dessas cidades, Porto Alegre é a mais conservada, com 32% de remanescentes florestais, seguida de Florianópolis (25%), Recife (20%), Teresina (19%), Rio de Janeiro (18%), São Paulo (18%), Maceió (18%), Campo Grande (17%), Natal (15%), Vitória (14%), Fortaleza (12%), João Pessoa (11%), Aracajú (11%), Belo Horizonte (7%), Salvador (4%) e Curitiba (1%).

Um dos instrumentos mais eficientes para que os municípios façam a sua parte na proteção dessa floresta é o Plano Municipal da Mata Atlântica (PMMA), que reúne e normatiza os elementos necessários à proteção, conservação, recuperação e uso sustentável da Mata Atlântica, de acordo com a Lei da Mata Atlântica. O PMMA é importante para desenvolver políticas de meio ambiente localizadas, pois é uma legislação que pactua com a própria comunidade local e a sociedade, diferentemente das demais leis do país.

Acreditamos que a compreensão da distribuição territorial dos remanescentes florestais, bem como o acompanhamento da taxa de desmatamento pode enriquecer o debate sobre a importância da Mata Atlântica na sociedade brasileira. Para proteger o que restou do bioma e recuperá-lo precisamos primeiro saber onde estão essas áreas naturais. A partir daí, precisamos de mais e mais pessoas engajadas nesta causa e mobilizadas para lutar por um futuro melhor, mais sadio e sustentável para todos nós. A informação está disponível, portanto, agora é hora de colocar a mão na massa!

*Marcia Hirota é diretora-executiva da Fundação SOS Mata Atlântica, ONG brasileira que desenvolve projetos e campanhas em defesa das Florestas, do Mar e da qualidade de vida nas Cidades. Saiba como apoiar as ações da Fundação em www.sosma.org.br/apoie.

 

 

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