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A Maré

Conheça a história de pessoas que lutam por área marinha protegida brasileira

15 de outubro de 2019

Seis histórias de moradores da Área de Proteção Ambiental (APA) Costa dos Corais são contadas na websérie A Maré, idealizada pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) – órgão gestor da área ambiental – e produzida com apoio do projeto Toyota APA Costa dos Corais – parceria público-privada entre a Fundação Toyota do Brasil, a Fundação SOS Mata Atlântica e o ICMBio. Os personagens desta história representam um retrato da vida em uma das regiões turísticas mais famosas do Brasil, mostrando a importância das Unidades de Conservação (UCs) para a vida da população e a possibilidade de uma relação positiva entre área protegida e comunidade, enxergando a conservação ambiental como fundamental para a garantia de emprego, renda e vida na região.

“Hoje vejo pescadores que antes odiavam o peixe-boi, lutando para que a espécie continue no rio, sobreviva e procrie, é grandioso. Enquanto coletivo podemos mudar a vida e o lugar onde vivemos”, afirma Maria Eduarda, de 19 anos de idade, de São Miguel dos Milagres (AL), em um dos vídeos. Neta e filha de pescadores, ela é exemplo de jovem mobilizadora. Participa de ações ambientais desde os 9 anos de idade.

Entre os objetivos desta websérie, está o engajamento da comunidade local e turistas sobre os cuidados que se deve ter para que a região continue como uma das mais bonitas do Brasil. A região é marcada pela presença de recifes de corais e manguezais, garantindo uma alta biodiversidade representada por peixes, moluscos, mamíferos aquáticos e outros, e ainda inclui a ocorrência de espécies ameaçadas de extinção – como o peixe-boi marinho, tartarugas e baleias.

Segundo o ICMBio, somente em 2018 foram quase 300 mil pessoas que visitaram a APA Costa dos Corais, colocando ela entre as 10 Unidades de Conservação (UCs) federais mais visitadas do Brasil. A APA Costa dos Corais é a maior Unidade de Conservação federal costeiro marinha do Brasil, onde estão os famosos recifes de corais, piscinas naturais e praias de Maragogi, São Miguel dos Milagres (AL) e Tamandaré (PE) e mais outros 9 municípios dos litorais norte de Alagoas e sul de Pernambuco.

Nilo Burgarelli, dono de pousada em São Miguel dos Milagres (AL), é exemplo de quem vem de outra região e passa a respeitar a natureza onde um dia foi visitante. Como ele diz, não teve a honra de nascer em Alagoas – é natural do Espírito Santo – mas é alagoano de esposa, filhos e netos, pois mora na região há 20 anos.

“A natureza suporta uma quantidade de pessoas, se ultrapassar este limite, ela fica feia como qualquer coisa e acaba com todo mundo depois. Por isso, acho que precisamos unir todo mundo ainda mais se quisermos manter este local preservado“.

Sales, de Maragogi (AL), que já foi pescador, carpinteiro, pintor e hoje encontra no turismo de mergulho o sustento de sua família. Ele reforça que, se não fosse o trabalho do ICMBio, não existiria mais os corais na região.

“Estavam destruindo e não daria mais para mostrar nada aos turistas”.

Apesar de ser uma das áreas protegidas mais visitadas do Brasil, ainda é necessário informação sobre como a sociedade pode usar esta área. Além disso, mais de 200 mil pessoas vivem na região, dependendo diretamente do uso dos recursos naturais da unidade, como o turismo e a pesca artesanal.

Para a liderança feminina, pesquisadora e pescadora Ana Paula, de Barra de Santo Antônio (AL),

“hoje a população entende que há escassez do pescado, espécies ameaçadas de extinção, como o desmatamento prejudica a pesca, entre outras coisas“. “A comunidade entende que lá é uma UC, que eles fazem parte dela e devem preservar. Eu digo para todo mundo, lute por sua comunidade, se engaje, participe“, afirma ela, que também luta para garantir o espaço da mulher no processo de organização e fortalecimento da pesca na região.

Uso sustentável

Desde a criação do ICMBio, em 2007, a visita a áreas protegidas brasileiras saltou de 2,9 milhões para 12,4 milhões em 2018. Além disso, a cada R$ 1 investido na conservação e uso das áreas protegidas, R$ 7 retornam em benefícios econômicos para as cidades que abrigam as áreas. Em 2017, os visitantes gastaram cerca de R$ 2 bilhões em hospedagem, alimentação e no comércio local nos parques federais.

Diante deste cenário, é fundamental a ordenação do turismo com as demais atividades econômicas compatíveis com a conservação ambiental. Para reforçar esta causa, o projeto Toyota APA Costa dos Corais contribui para o efetivo funcionamento da área. Lançada em 2011, a iniciativa constituiu um fundo à Unidade de Conservação (UC) com aporte de recursos por um período de 10 anos. A iniciativa conta com doações anuais de R$ 1 milhão pela Fundação Toyota, com gestão técnica e financeira da SOS Mata Atlântica. Além disso, o ICMBio é responsável pela gestão e implantação do Plano de Manejo da UC.

Como resultado do projeto, é possível dizer que hoje mais de 57 mil pessoas, entre moradores e visitantes, têm algum tipo de conhecimento sobre a existência da APA. Para isso acontecer, mais de 1.000 agentes de mudança nas comunidades estão engajados em diferentes projetos, como as sete instituições locais apoiadas pela iniciativa.

Os resultados deste projeto, bem como as histórias contadas nesta websérie, comprovam a importância da população local e do entorno das UCs para a consolidação destas áreas. Mas, principalmente, como há uma responsabilidade que deve ser compartilhada entre governo, empresas e sociedade civil para que as áreas protegidas consigam cumprir seu papel de conservar a biodiversidade.

“O engajamento de toda sociedade em prol das áreas protegidas auxilia a capacidade de gestão destas unidades. A partir do entendimento da importância dessas áreas para a manutenção de nossas vidas, e por meio dos sentimentos de pertencimento e valorização, a sociedade fortalece a gestão e ajuda a Unidade de Conservação a  cumprirseu papel de conservação da biodiversidade“, afirma Camila Keiko Takahashi, bióloga e coordenadora do projeto Toyota APA Costa dos Corais pela Fundação SOS Mata Atlântica.

“Vale ressaltar a alta complexidade de gerir uma Área de Proteção Ambiental, já que é um local de uso sustentável e muitos interesses. A APA Costa dos Corais tem realizado um excelente trabalho, desde 2011, com muita união, comprometimento e valores em comum para a conservação e uso consciente da nossa biodiversidade“, reforça Thais Guedes, coordenadora de Projetos da Fundação Toyota do Brasil.

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