Homenagem a Judith Cortesão, grande inspiradora do movimento ambientalista brasileiro
Visão integrada, força de vontade, disposição e interdisciplinaridade são algumas das regras pregadas por Maria Judith Zuzarte Cortesão, falecida em Genebra no dia 25 de setembro, aos 92 anos.
Com ampla atuação em áreas como a educação, o ambientalismo, a medicina e a pesquisa científica, Judith – portuguesa de nascimento – adotou o Brasil e aqui desenvolveu uma história de grande inspiração. “Judith unia as características de pesquisadora, guerrilheira, mãezona e uma eco-espiã, como ela mesma se intitulava”, comenta Clayton Lino, presidente do Conselho Nacional da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica, grande admirador e amigo dela.
“Ela falava com ministros, pesquisadores e pescadores com a mesma habilidade. Sabia que para viver bem precisávamos conviver bem com os outros e com a natureza. E tinha um interesse especial pela força transformadora da beleza que enxergava nos animais, nas paisagens, por isso ser ambientalista foi uma conseqüência natural.”
Fundadora, depois conselheira e consultora da Fundação SOS Mata Atlântica, ela participou também da criação do curso de pós-graduação em Educação Ambiental da Fundação Universidade Federal do Rio Grande (Furg), foi assessora de Política Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, representante no Pantanal do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (SPHAN – Ministério da Cultura), diretora do Centro de Estudos Terra/Homem (SPHAN) e representante do Brasil em encontros internacionais ligados às questões marinhas, tendo participado também de expedições brasileiras na Antártida.
Escreveu dezesseis livros, participou da elaboração de seis filmes, foi uma das criadoras do programa Globo Ecologia e idealizou o Centro de Informação e Formação de Médicos e Cirurgiões de Doenças do Aparelho Locomotor de Brasília, no Hospital Sarah Kubitschek.
Formada em Medicina, Antropologia, Letras, Biblioteconomia, Meteorologia, Climatologia e Biologia, lecionou em 16 universidades, inclusive na Sorbonne (França), e na Open University (Grã-Bretanha). Portuguesa nascida na cidade do Porto, viúva do literato português Agostinho da Silva, filha do historiador Jaime Zuzarte Cortesão, Judith teve oito filhos, dois deles adotivos, e 21 netos.
A Fundação SOS Mata Atlântica registra aqui sua homenagem e seu pesar pelo falecimento de Judith, mas também seu profundo orgulho por ter tido a inteligência e a perspicácia desta visionária a favor de seus trabalhos em vários momentos.Seus ensinamentos seguem firmes no Movimento Ambientalista brasileiro.