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Nota de falecimento: Gustavo Fonseca

SOS Mata Atlântica lamenta profundamente a morte do biólogo que contribuiu sobremaneira para a conservação da biodiversidade e da Mata Atlântica

1 de setembro de 2022

A Fundação SOS Mata Atlântica recebeu com choque e muito pesar a notícia do falecimento de Gustavo Fonseca, biólogo e diretor de Programas do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF, na sigla em inglês), aos 65 anos, no dia 30 de agosto. Fonseca foi professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) por 21 anos e um dos fundadores do Programa de Pós-graduação em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre da instituição. Referência global na área de conservação da biodiversidade, também foi vice-presidente executivo da Conservação Internacional. 

Grande apoiador da causa ambiental, Fonseca participou do primeiro Workshop Mata Atlântica promovido pela Fundação em 1990 e contribuiu, juntamente com outros especialistas, na definição do conceito do bioma Mata Atlântica. A partir de então, apoiou e colaborou muito ao conhecimento e na avaliação do Atlas da Mata Atlântica, desenvolvido em parceria com o INPE (Instituto de Pesquisas Espaciais). Recentemente ele escreveu o prefácio do livro 30 anos de Conservação do Hotspot de Biodiversidade da Mata Atlântica: desafios, avanços e um olhar para o futuro, organizado pelo biólogo Luiz Paulo Pinto e a ambientalista Marcia Hirota. Ao longo dos anos sempre prestigiou e palestrou em eventos da ONG, como o que celebrou os 10 anos do programa de incentivo às RPPNs (Reservas Particulares do Patrimônio Natural). 

Estamos muito tristes, acabamos de perder um grande amigo e parceiro, expoente máximo da conservação da biodiversidade mundial e da Mata Atlântica. Conheço o Gustavo Fonseca desde 1991, ele sempre foi uma grande referência para nós na universidade e nas organizações, um importante cientista, profissional e colaborador. Deixa um imenso legado ao conhecimento e à conservação da natureza”, diz Marcia Hirota, presidente da Fundação SOS Mata Atlântica. Ela reforça o papel de Fonseca na criação da Aliança para a Conservação da Mata Atlântica – parceria entre a SOS Mata Atlântica e a Conservação Internacional que durou de 1999 e 2014. ”Agradeço muito por ter tido o privilégio de poder contar com a mentoria, apoio e enorme contribuição desde as primeiras iniciativas institucionais. É uma perda inestimável para todos nós”, diz ela. 

Em participação no webinário O Futuro da Mata Atlântica, realizado em maio de 2021 pela Folha de S.Paulo, ele estava otimista em relação ao potencial de recuperação do bioma. “Vamos transformar esse ‘hotspot’ [ponto crítico, na tradução do inglês] em um ‘hopespot’ [ponto de esperança]. Nós temos condições de fazer isso e de liderar a agenda da restauração no mundo. A Mata Atlântica pode trazer essa esperança e esse protagonismo novamente”, afirmou ele durante o evento.  

Gustavo Fonseca foi um cientista e ambientalista visionário. Juntos, na década de 1990, quando várias empresas formavam joint-ventures, percebemos que duas organizações ambientalistas com uma bagagem considerável de ações poderiam fazer muita diferença se atuassem juntas, de forma sinérgica para a conservação. Assim, reunimos a SOS Mata Atlântica e a Conservação Internacional para criar a Aliança para a Conservação da Mata Atlântica e implementar alternativas inovadoras neste bioma. O legado que deixamos já demonstra que valeu a pena e a trajetória dele na história da conservação foi grandiosa, projetando o Brasil, fortalecendo a agenda ambiental e promovendo muito diálogo com diversos níveis de governo, setor privado e comunidade científica internacional”, ressalta Roberto Klabin, ex-presidente e atual vice-presidente da SOS Mata Atlântica 

Monica Fonseca, bióloga com mestrado em Ecologia e Conservação pela UFMG, reforça a contribuição de Fonseca para a formação de toda uma geração de profissionais da biologia, inclusive a sua. “Ele foi um grande amigo e mestre. Sua paixão pela conservação fez com que extrapolasse rapidamente as fronteiras da Academia e levasse inovação para as grandes organizações não governamentais, sempre tendo junto consigo os seus alunos. Depois, vieram voos mais alto e colaborou para a definição de grandes estratégias de conservação junto ao maior fundo de proteção da biodiversidade, o GEF. De certa forma, hoje ficamos órfãos e nós, os amigos, perdemos uma grande companhia, uma pessoa incrivelmente inteligente, sagaz e divertida”, afirma ela..  

Em texto em homenagem a Fonseca, o GEF destaca um trecho de entrevista em que ele reforça a importância de unir ciência e políticas públicas. “Eu tive a sorte de construir uma carreira na intersecção entre ciência, política e ação, e acredito fortemente no valor das parcerias entre essas áreas. Não se pode ter uma ação eficaz sem uma política informada e não pode ter uma política informada sem uma ciência sólida. É simples assim.” A Fundação SOS Mata Atlântica concorda imensamente com esta visão.  

À Glaucia, seus filhos, familiares e amigos, nossos mais profundos e sinceros sentimentos. 

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