A Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA) divulgou um manifesto que repudia os crimes contra ambientalistas que defendem um dos biomas mais ameaçados do mundo: a Mata Atlântica. A iniciativa protesta contra o assassinato do biólogo Gonzalo Alonso Hernandez, ocorrido nas proximidades do Parque Estadual do Cunhambebe, Rio Claro (RJ), e as agressões sofridas pelo casal Wigold Schaffer e Miriam Prochnow, em Atalanta (SC), ambos membros da Apremavi (Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida).
O manifesto assinado pela RMA, que congrega 300 entidades que trabalham na Mata Atlântica, chama a atenção para a falta de fiscalização e de recursos para que os órgãos ambientais e de controle cumpram o que determina a legislação ambiental. Será enviado para autoridades das esferas federal, como Ministério do Meio Ambiente, Ibama e Ministério Público Federal, dos Estados do Rio de Janeiro e Santa Catarina e dos municípios de Rio Claro e Atalanta, respectivamente. Confira abaixo a íntegra do documento.
MANIFESTO
De repúdio a agressões a ambientalistas defensores da Mata Atlântica
A Rede de ONGs da Mata Atlântica (RMA) que congrega 300 entidades que trabalham e lutam pelo bioma mais ameaçado do Brasil e um dos mais degradados do mundo vem a público repudiar os crimes que tem ocorrido contra justamente àqueles que defendem com unhas e dentes o que ainda resta de Mata Atlântica.
Os episódios de assassinato do biólogo espanhol Gonzalo Alonso Hernandez, de 49 anos, cujo corpo foi encontrado boiando no Parque Estadual Cunhambebe, em Rio Claro, Rio de Janeiro, em 8 de agosto, e da agressão aos conselheiros da Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida (Apremavi) Wigold Schaffer e Miriam Prochnow, ocorrida em 4 de agosto, em Atalanta, Santa Catarina, são inadmissíveis.
Não podemos permitir que pessoas que protegem e defendem um patrimônio natural brasileiro e Reserva da Biosfera da Unesco – a Mata Atlântica – se tornem vítimas de situações que denotam o descaso com a conservação ambiental em nosso país. Estes fatos não podem ser tolerados. As famílias de Miriam, que foi coordenadora geral e uma das fundadoras da RMA, Wigold e de Gonzalo merecem nosso total apoio e solidariedade.
Reivindicamos mais fiscalização e recursos para que os órgãos de controle e policiamento ambiental cumpram o que já é previsto em lei. Pois a violência contra qualquer pessoa que atue em prol da proteção da vida é um grave precedente que sinaliza retrocesso e o ataque direto à liberdade de expressão e aos princípios democráticos.
Esperamos que todas as instâncias, Polícias Civil, Militar e Ambiental, bem como o Ministério Público Estadual e Federal e as demais autoridades tomem todas as medidas necessárias para que a justiça seja feita.
Por fim, esperamos que casos como esses não se repitam em um país cujos governos tem demonstrado pouco interesse em cumprir a legislação ambiental, uma conquista de todos, para o bem dessa e das futuras gerações.
Bellô Monteiro – Coordenador geral da RMA (Fundação SOS Mata Atlântica-SP)
Adriano Wild – Coordenador institucional da RMA (Mater Natura-PR)