“O Brasil está pronto para retomar o seu protagonismo na luta contra a crise climática, protegendo todos os nossos biomas. Agora vamos lutar pelo desmatamento zero da Amazônia. Uma árvore em pé vale mais do que toneladas de madeira extraídas ilegalmente…um rio de águas límpidas vale muito mais do que todo ouro extraído às custas do mercúrio que mata a fauna e coloca em risco a vida humana… Não nos interessa uma guerra pelo meio ambiente, mas estamos prontos para defendê-lo de qualquer ameaça”, afirmou o presidente eleito, Luís Inácio Lula da Silva (PT), em seu primeiro discurso após o resultado do segundo turno da eleição.
A necessidade de restabelecer a harmonia institucional entre os Poderes e as bases da democracia, de trabalhar no combate a fome, na proteção dos povos indígenas e minorias, pelo meio ambiente, desmatamento zero e na retomada do crescimento econômico com bases sustentáveis foram reafirmados no discurso do presidente eleito no ato em comemoração à eleição realizado na Avenida Paulista, em São Paulo, no domingo (30/10).
Ao cumprimentar o presidente e o vice-presidente eleitos, os governadores dos 17 estados do bioma eleitos no primeiro e segundo turnos das eleições, e os parlamentares, a Fundação SOS Mata Atlântica enaltece que os compromissos com o meio ambiente são determinantes para o futuro do Brasil e da Mata Atlântica e constam da nossa carta pela retomada do desenvolvimento.
É urgente a necessidade de assumir de forma contundente o compromisso de zerar o desmatamento, restaurar a Mata Atlântica e os ecossistemas, frear os ataques à legislação ambiental e às instituições e restabelecer a participação da sociedade e da ciência na governança democrática do país. E, para isso, como organização da sociedade civil que atua há 36 anos na defesa da Mata Atlântica e do meio ambiente, seremos aliados nos esforços conjuntos, na vigília e na cobrança desses compromissos.
A Mata Atlântica é o lar de 72% da população brasileira e se estende por cerca de 15% do território nacional, em 17 estados. Concentra 80% do PIB nacional e garante serviços ambientais essenciais à vida e atividades econômicas diversas – como o abastecimento de água, a regulação do clima, a biodiversidade, saúde e bem-estar, energia, agricultura, pesca e turismo. É o bioma mais devastado do Brasil e o único a contar com uma lei especial para sua proteção e uso sustentável (Lei nº 11.428/2006).
Só no primeiro semestre deste ano, 21.302 hectares foram desmatados. É como se 117 campos de futebol tivessem sido destruídos diariamente, o que corresponde à emissão de mais de 10,2 milhões de toneladas de CO2. Temos convicção de que é possível mudar esse cenário nesta Década da Restauração dos Ecossistemas. Já havíamos conseguido chegar ao desmatamento zero em 11 dos 17 estados do bioma.
Esperamos que o posicionamento do Congresso Nacional seja de convergência com a agenda ambiental e do clima e com os compromissos assumidos pela Presidência da República eleita. Para isso, a participação da sociedade junto ao Parlamento brasileiro deve ser permanente, no monitoramento das votações, dos posicionamentos das bancadas e lideranças partidárias e dos projetos encaminhados.
Nesses quatro anos, fizemos resistência à política antiambiental do atual governo e no Congresso Nacional contra os ataques e retrocessos – que nos levaram a recorrer ao Supremo Tribunal Federal em defesa da Lei da Mata Atlântica. Somamos esforços com a nossa rede de parceiros, especialistas e voluntários para mostrar ao mundo que o Brasil tem compromisso com o meio ambiente e com as pessoas. E continuaremos firmes rumo à construção de uma nação mais verde e azul, justa, sustentável e próspera.
A Mata Atlântica, nossa casa e o futuro do Brasil exigem esse comprometimento.