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Rejeitos contaminados pelo rompimento de barragem da Vale chegam ao rio São Francisco

4 de abril de 2019

Entre os dias 8 e 14 de março, a equipe da SOS Mata Atlântica revisitou a região atingida pelo rompimento da barragem Córrego do Feijão, da Vale, até o Alto São Francisco, para verificar a presença de rejeitos, visando dar algumas respostas à sociedade. Dos 12 pontos analisados pela organização, nove estavam com condição ruim e três regular, o que torna o trecho a  partir do Reservatório de Retiro Baixo, entre os municípios de Felixlândia e Pompéu até o Reservatório de Três Marias, no Alto São Francisco, com água imprópria para usos da população. A expedição foi patrocinada pela Visa e pela Ypê.

Nestes pontos, a turbidez estava acima dos limites legais definidos pela Resolução 357 do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama), para qualidade da água doce superficial. Em alguns locais, este indicador chegou a ser verificado entre duas e seis vezes mais que o permitido pela resolução.

Além disso, as concentrações de ferro, manganês, cromo e cobre também estavam acima dos limites máximos permitidos na legislação, o que evidencia o impacto da pluma de rejeitos de minério sobre o Alto São Francisco.

“Logo que fizemos nossa primeira expedição, diversos setores da sociedade nos perguntavam sobre o rio São Francisco. Não tínhamos a intenção de voltar à região agora, mas diante dos questionamentos, decidimos analisar o impacto na região para informar a sociedade“, afirma Tiago Felix, biólogo e educador ambiental da Fundação SOS Mata Atlântica.

Tiago Félix, biólogo e educador ambiental da SOS Mata Atlântica, mostra kit de monitoramento da água.
Tiago Félix, biólogo e educador ambiental da SOS Mata Atlântica, mostra kit de monitoramento da água.

Os dados comprovam que o Reservatório de Retiro Baixo está segurando o maior volume dos rejeitos de minério que vem sendo carreados pelo Paraopeba. Apesar das medidas tomadas no sentido de evitar que os rejeitos atinjam o rio São Francisco, os contaminantes mais finos estão ultrapassando o reservatório e descendo o rio e já são percebidos nas análises em padrões  elevados.

As informações completas estão aqui.

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EM NOME DE QUÊ?

A contaminação das águas do São Francisco por metais pesados da lama da Vale que vazou em Brumadinho inspirou a campanha “Em nome de que, São Francisco?”. Um vídeo especialmente produzido para a campanha mobilizou parte da equipe da novela “Velho Chico”, exibida pela TV Globo em 2016.

O São Francisco é um dos principais rios do Brasil. Nasce no coração do país e carrega vida do sertão ao Atlântico. O Velho Chico e as 14 milhões de pessoas que dependem dele estão ameaçados pelo veneno da Vale que matou mais de 300 pessoas em Brumadinho, o Rio Paraopeba e agora chegou ao rio da integração nacional.

O Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e a Coordenação Nacional de Articulação das Comunidades Negras Rurais Quilombolas (Conaq) pedem a ajuda de vocês para que as águas continuem a carregar a vida, não a morte; que a construção de barragens seja discutida com povos tradicionais e com as comunidades; e pelo reconhecimento da natureza como sujeito de direitos.

Clique aqui e assine a petição para que as águas do Brasil carreguem apenas vida e que a construção de barragens seja melhor discutida.

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