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Descoberta nova espécie na Mata Atlântica do Nordeste

16 de abril de 2013

Com informações da CI-Brasil – Pesquisadores da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Universidade Federal do Espírito Santo (UFES), liderados por Antônio Rossano Mendes Pontes, da UFPE, publicaram recentemente a descoberta de uma nova espécie de porco-espinho, que recebeu o nome de Coendou speratus.

Os pesquisadores avistaram pela primeira vez indivíduos da nova espécie na Usina Trapiche, área situada na Mata Atlântica do Nordeste, uma das regiões mais ricas em biodiversidade e, ao mesmo tempo, mais ameaçadas do mundo. O artigo com a descoberta foi publicado na Zootaxa, uma revista científica internacional dedicada, principalmente, à publicação de artigos que contêm descrições de espécies novas e, também, revisões taxonômicas de vários grupos de animais.

A descoberta fez parte de um estudo de 5 anos que contou com o apoio do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq, Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste  – CEPAN, Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco – FACEPE, Fundação de Amparo à Pesquisa do Espírito Santo – FAPES  e da Conservação Internacional – CI-Brasil.

Os porcos-espinhos são roedores arbóreos de pequeno e médio porte e pesam cerca de 1,5 kg. Segundo Rossano, “a espécie foi batizada de ‘speratus’, que significa esperança, para representar nossa esperança de preservar o que resta deste importante hotspot”. Diante desse achado, os cientistas confirmam que na Mata Atlântica do Nordeste espécies estão desaparecendo antes mesmo de terem sido descritas pela ciência. “É urgente a necessidade de se preservar este fragmento de Mata Atlântica e da realização de mais levantamentos para se determinar a riqueza real destas áreas que ainda são muito pouco conhecidas”, conclui Rossano.

Segundo o pesquisador, mais de 50% dos mamíferos de grande porte, como onças e antas, estão extintos regionalmente, e qualquer animal de médio e grande porte na Mata Atlântica do Nordeste corre o risco de desaparecer, pois os fragmentos de mata são muito pequenos, possuem características de borda, são isolados uns dos outros e não tem a estrutura suficiente para manter a comunidade biológica original. Os mamíferos remanescentes se distribuem de forma irregular e imprevisível no que resta dessa floresta.

No caso da nova espécie descrita, ela foi encontrada depois que os pesquisadores fizeram o levantamento de cerca de 33 fragmentos de floresta, entre os estados de Pernambuco e Alagoas. Um pequeno grupo de 5 indivíduos foi avistado na Usina Trapiche, uma propriedade particular localizada aos sul de Pernambuco. A usina realiza um programa de restauração de suas matas e possui importantes fragmentos de floresta na propriedade.

Dos 56.400 km2 de floresta original da Mata Atlântica, ao norte do rio São Francisco, sobraram menos de 2.000 km2 (menos de 4% da área original) de florestas, em sua grande parte dominadas por áreas em processo de regeneração, distribuídos em pequenos fragmentos (abaixo de 50 hectares). A destruição da floresta nesta região é muito antiga, e é decorrente do uso e ocupação do território desde a época do Brasil Colônia.

A Mata Atlântica do Nordeste, acima do rio São Francisco, é denominada Centro de Endemismo de Pernambuco, pois a região apresenta várias espécies endêmicas, ou seja, não encontradas em nenhuma outra parte do planeta. Para Luiz Paulo Pinto, diretor sênior de Biomas da Conservação Internacional, “a descoberta dessa espécie nova mostra, mais uma vez, a riqueza biológica e as surpresas que a Mata Atlântica ainda proporciona. Mesmo sendo o bioma mais bem estudado do Brasil e já bastante alterado, ainda temos muito que aprender com essa floresta. O porco-espinho novo da Mata Atlântica do Nordeste se junta a outras 701 espécies de mamíferos já registrados para o Brasil. Em média duas novas espécies de mamíferos foram descritas no país semestralmente nesses últimos 20 anos. A Mata Atlântica e a Amazônia foram os biomas com o maior número de descobertas. Esses números reforçam o Brasil como um país de megadiversidade e a grande responsabilidade que temos para manter esse patrimônio.”

Os pesquisadores acreditam que, para reverter o processo de degradação da Mata Atlântica nessa região, é preciso uma nova abordagem, criando uma rede de paisagens sustentáveis e ampliando a conectividade entre os remanescentes florestais, que torne possível a manutenção e regeneração da floresta associado ao desenvolvimento econômico e bem estar da população local. “Essa belíssima descoberta vem a corroborar a importância biológica dos remanescentes de Floresta Atlântica do Nordeste que, apesar de possuir o pior cenário de remanescentes de habitats naturais do Brasil abriga uma riqueza de espécies ainda pouco conhecida. Essa nova espécie vem a trazer mais evidencias para o aumento dos esforços de conservação nessa região.”, salienta Severino Rodrigo Ribeiro, diretor do Centro de Pesquisas Ambientais do Nordeste – CEPAN e Pós-doutorando do Laboratório de Ecologia Vegetal da UFPE.

Mais informações com assessoria de imprensa da Conservação Internacional: Marcele Bastos – m.bastos@conservacao.org – (31) 3261-3889 ou no site da CI-Brasil .

 

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