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Minas Gerais, Bahia, Paraná e Mato Grosso do Sul concentram os dez municípios que mais desmataram a Mata Atlântica entre 2020 e 2021

Líder do desmatamento foi Baianópolis, na Bahia, com 1.686 hectares, o correspondente a quatro campos de futebol desmatados por dia, mas Minas Gerais é o estado com mais municípios na lista

20 de julho de 2022

Entre 2020 e 2021 houve desmatamento em 602 dos 3.429 municípios que compõem o bioma Mata Atlântica, 17% do total. Dez cidades, no entanto, concentraram 27% das derrubadas no período – todas elas situadas em quatro estados: Minas Gerais, Bahia, Paraná e Mato Grosso do Sul. As informações são do Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, estudo realizado pela Fundação SOS Mata Atlântica em parceria com o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). Foram desmatados no período 21.642 hectares (ha), um crescimento de 66% em relação ao registrado entre 2019 e 2020 (13.053 ha).

Veja abaixo os municípios com o maior número de área desmatada (ha):

  • Baianópolis (BA) – 1.686 ha
  • São João do Paraíso (MG) – 705 ha
  • Nova Laranjeiras (PR) – 679 ha
  • Setubinha (MG) – 506 ha
  • Cotegipe (BA) – 445 ha
  • Wanderley (BA) – 431 ha
  • Rio Vermelho (MG) – 396 ha
  • Bodoquena (MS) – 376 ha
  • Capitão Enéas (MG) – 347 ha
  • Jequitinhonha (MG) – 324 ha

Baianópolis, na Bahia, desmatou 1.685 hectares e aparece no topo da lista. Antes, entre 2019 e 2020, o município havia registrado 30 hectares desflorestados, o que representa um aumento de mais de 5.500% na área devastada entre as duas medições. 

O volume chama atenção. Se no período anterior dez municípios somavam 2.483 hectares desmatados, agora esse número chega a 5.895 – mais que o dobro. Para Luís Fernando Guedes Pinto, diretor-executivo da SOS Mata Atlântica, o aumento do desmatamento em um ano preocupa tanto do ponto de vista local quanto nacional e até mesmo global. 

“É muito grave que tenhamos um único município destruindo, todos os dias, uma área de Mata Atlântica equivalente a quatro campos de futebol. Trata-se de uma situação crítica para todos os habitantes de Baianópolis, pois afeta diretamente a qualidade do ar, a regulação do clima e a água que elas vão beber. E as consequências não são apenas locais. Além de mais de 70% da população e 80% da economia brasileira se concentrarem na região, a Mata Atlântica é um dos biomas que precisam ser restaurados com mais urgência para atingirmos a meta de redução de 1,5°C de aquecimento global estabelecida no Acordo de Paris. Mas não apenas estamos replantando muito pouco como voltamos a destruir cada vez mais”, alerta.

Os 50 municípios que mais desmataram se concentram em seis estados, com 11.275 hectares derrubados (52% do total). Mais da metade, 29, estão localizados em Minas Gerais. Os demais estão na Bahia (7), no Paraná (7), no Mato Grosso do Sul (3), no Piauí (3) e em Pernambuco (1). Bonito (MS), que encabeçou a lista de 2019/2020, reduziu a área derrubada de 416 para 193 hectares, porém a situação ainda é alarmante – principalmente para uma cidade cuja economia é voltada para o ecoturismo.

Abaixo os 10 mais por estado, de todos os estados que tiveram desmatamento maior que 100 ha. 11 dos 17 estados ficaram acima de 100 ha:

Bahia

  • Baianópolis – 1.686 ha
  • Cotegipe – 445 ha
  • Wanderley – 431 ha
  • São Félix do Coribe – 175 ha
  • Brejolândia – 149 ha
  • Carinhanha – 116 ha
  • Tapiramutá – 99 ha
  • Planalto- 77 ha
  • Cândido Sales – 73 ha
  • Guaratinga – 73 ha

Minas Gerais

  • São João do Paraíso – 705 hs
  • Setubinha – 506 ha
  • Rio Vermelho – 396 ha
  • Capitão Enéas – 347 ha
  • Jequitinhonha – 324 ha
  • Novo Cruzeiro – 298 ha
  • Caraí – 181 ha
  • Araçuaí – 174 ha
  • Águas Vermelhas – 168 ha
  • Francisco Sá – 149 ha

Mato Grosso do Sul

  • Bodoquena – 376 ha
  • Miranda – 233 ha
  • Bonito – 193 ha
  • Nova Alvorada do Sul – 75 ha
  • Porto Murtinho – 44 ha
  • Aral Moreira – 31 ha
  • Amambai – 14 ha
  • Nioaque – 9 ha
  • Sete Quedas – 6 ha
  • Glória de Dourados – 3 ha

Pernambuco

  • Glória do Goitá – 134 ha
  • Passira – 30 ha
  • Palmares – 27 ha
  • Condado – 24 ha
  • Buíque – 13 ha
  • Venturosa – 11 ha
  • Caruaru – 10 ha
  • Brejo da Madre de Deus – 1 ha

Piauí

  • Teresina – 117 ha
  • Canto do Buriti – 117 ha
  • Júlio Borges – 100 ha
  • Bom Jesus – 75 ha
  • Guaribas – 55 ha
  • União – 43 ha
  • Corrente – 39 ha
  • Barras – 24 ha
  • Miguel Alves – 17 ha
  • Avelino Lopes – 5 ha

Paraná

  • Nova Laranjeiras – 679 ha
  • Ortigueira – 130 ha
  • Prudentópolis – 123 ha
  • Espigão Alto do Iguaçu – 119 ha
  • Rio Bonito do Iguaçu – 111 ha
  • Tibagi – 100 ha
  • Guarapuava – 95 ha
  • Pinhão – 89 ha
  • Bituruna – 87 ha
  • Lapa – 76 ha

Rio de Janeiro

  • Valença – 65 ha
  • Rio Claro – 17 ha
  • Cambuci – 16 ha
  • Comendador Levy Gasparian – 11 ha
  • Barra do Piraí – 10 ha
  • Santo Antônio de Pádua – 9 ha
  • Sumidouro – 9 ha
  • Magé – 8 ha
  • Cachoeiras de Macacu – 7 ha
  • Paraíba do Sul – 5 ha

Rio Grande do Sul

  • Tunas – 31 ha
  • Barros Cassal – 25 ha
  • Jari – 18 ha
  • Candelária – 18 ha
  • Santo Antônio da Patrulha – 17 ha
  • Bom Jesus – 16 ha
  • Jacuizinho – 15 ha
  • Arvorezinha – 12 ha
  • Gramado Xavier – 11 ha
  • Maximiliano de Almeida – 10 ha

Santa Catarina

  • Brunópolis – 54 ha
  • São José do Cerrito – 43 ha
  • Santa Cecília – 40 ha
  • Anita Garibaldi – 36 ha
  • Canoinhas – 31 ha
  • Bom Retiro – 31 ha
  • Monte Castelo – 28 ha
  • Ponte Serrada – 26 ha
  • Palhoça – 26 ha
  • Brusque – 25 ha

Sergipe

  • Cumbe – 72 ha
  • Japoatã – 62 ha
  • Capela – 44 ha
  • Siriri – 36 ha
  • Santa Luzia do Itanhy – 26 ha
  • Indiaroba – 16 ha
  • Salgado – 16 ha
  • Nossa Senhora das Dores – 15 ha
  • Cristinápolis – 15 ha
  • Gracho Cardoso – 11 ha

São Paulo

  • Itapecerica da Serra – 41 ha
  • Sandovalina – 36 ha
  • Cotia – 32 ha
  • São José do Rio Pardo – 31 ha
  • São Paulo – 29 ha
  • Itapirapuã Paulista – 17 ha
  • Mirassol – 13 ha
  • Cajati – 12 ha
  • São Lourenço da Serra – 10 ha
  • Jundiaí – 8 ha

Luís Fernando reforça que as informações levantadas pelo Atlas são oferecidas às autoridades públicas para que verifiquem a legalidade dos desmatamentos detectados e tomem as devidas medidas de fiscalização e punição. Ele reforça, no entanto, que quase a totalidade dessa devastação é ilegal: o bioma é protegido pela Lei da Mata Atlântica, que proíbe o desmatamento a não ser em raras situações – como a realização de obras, projetos ou atividades de utilidade pública. “O respeito à Lei da Mata Atlântica e ao Código Florestal são os primeiros passos para começarmos a reverter essa situação. E mesmo os desmatamentos com licença ambiental são imorais num bioma já tão degradado”, completa.

Diretora de políticas públicas da SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro ressalta que a Mata Atlântica é um dos biomas nos quais a contribuição dos futuros governantes pode ser mais efetiva para o avanço na agenda climática e de desenvolvimento mundial. Com isso em vista, a organização preparou o documento Retomar o Desenvolvimento, carta com propostas urgentes para o meio ambiente, que tem sido apresentada a candidaturas à presidência da República, ao Congresso Nacional, aos governos estaduais e às Assembleias Legislativas. “Os compromissos apresentados no documento podem ser plenamente atendidos até 2030 e precisam constar dos programas de governo dos futuros mandatários”, completa Malu.

O Atlas dos Municípios da Mata Atlântica traz informações de todos os remanescentes de vegetação nativa e áreas naturais do bioma acima de três hectares. Para as cidades do estados do Paraná, Rio de Janeiro, Santa Catarina e São Paulo é possível obter dados acima de um hectare. Todas as informações estão disponíveis na página Aqui Tem Mata que, de forma prática e lúdica, apresenta mapas interativos e gráficos com as informações atualizadas sobre o desmatamento e o estado de conservação de florestas, mangues e restingas nos 3.429 municípios da Mata Atlântica.

O relatório completo do Atlas da Mata Atlântica 2020-2021 pode ser acessado aqui.

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